Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/301

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Não obstante a humildade e brandura destas expressões, Marianinha não ousava levantar os olhos ao rapaz. Mudas e abaladas, Joaquina e a filha não sabiam o que dizer.

— Nunca matei ninguém, nem Deus há de permitir que eu chegue a matar quem quer que seja algum dia. Vim por aqui para as ver. Tenho sentido muitas saudades da sua companhia. Mudaram-se do Cajueiro sem me dizerem adeus, zangadas comigo sem grande razão, porque...

Lourenço não soube como continuar.

— Se não nos despedimos, disse Joaquina, foi porque você tinha feito o que não devia fazer com a Marianinha, que morria por você, que lhe queria tanto bem, que vivia somente para lhe querer bem.

— Naquele tempo, tornou o rapaz, eu andava fora de mim. Agora não hei de sair mais do bom caminho. Foram-se os que tinham vindo, e ficaram os que cá estavam. Com estes é que eu me hei de achar.

Enquanto falava, Lourenço punha os olhos em Marianinha, cujas formas tinham se tornado esplêndidas. Quantas diferenças lhe notou!

Desgostosa do que acontecera, Marianinha cortara os cabelos logo depois da mudança. Estava agora com cabelos novos, bastos e lindos. Libertada do amor e do ciúmes que a amofinavam, engordou e cobrou cores finas. As espáduas, o pescoço, a raiz dos seios, os