Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/312

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— Não me diga nada, minha mãe que eu tudo sei. Se lhe falo nisto agora, é para lhe dizer que antes de sair do Cajueiro para o Jatobá, hei de vingar-me de Marianinha.

Um raio que caísse aos pés da cabocla não teria aterrado tanto como estas palavras do rapaz.

— Lourenço, Lourenço, que estás dizendo, Lourenço?! respondeu ela com os tons de suprema angústia.

E atirando-se de joelhos aos pés do rapaz com as mãos postas, em atitude de quem suplicava, continuou:

— Por minha benção te rogo, Lourenço, que te esqueças de semelhante delírio.

— Deixe-me falar, minha mãe - tornou ele, levantando-a; vosmecê não sabe o que vou dizer. Pensa que, para vingar-me do que Marianinha me fez, quero matá-la?

— Nem por graça digas esta palavra, filho.

— Eu quero vingar-me dela de modo muito diferente. Quando ela souber para quanto presto, há de correr para me abraçar; mas já não há de encontrar-me, minha mãe, porque eu estarei bem longe desta terra onde tenho sofrido tanto desgosto, onde só eu tenho sido o infeliz.

— E que é que tu queres fazer?