Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/61

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Mas nenhuma festa deu tanto que falar como a tinguijada. Foram três dias gordos. "Só em ovos sessenta patacas se despenderam", diz, admirado, o principal cronista da guerra dos mascates.

Chegado o momento da apanha do peixe o governador encaminhou-se para a beira do Capibaribe.

Não deixando o rio poços, duas tapagens tinham sido feitas com palmas de coqueiros. Entre as ditas tapagens ficava o espaço talvez de vinte e trinta braças. As águas estavam ali dentro em um como remanso. Tirados antes os grandes ramos que por muitos dias haviam ficado sobre elas a fim de chamar os peixes para aquele ponto, convidados pela sombra, viam-se ainda a meladinha, o melão de Caetano e o tingui, que depois de machucados tinham sido lançados dentro da tapagem. As águas nesse ponto estavam esverdeadas, e grandes camorins, prateadas carapebas e tantos outros habitadores do rio mostravam-se boiando por entre as crostas venenosas, embriagadas pelo forte narcótico dos cipós; outros enchiam giquis enfiados nas cercas.

Félix José Machado entrou na canoa que devia percorrer o âmbito da tapagem, e com outros convidados de porte começou a apanhar com a mão o peixe que boiava possesso da mortal tontura.

Olhos atentos e perspicazes haveriam notado que, por entre o prazer, os risos, os gracejos, os banhos involuntários e outros mil incidentes naturais de semelhantes patuscadas, o governador não tirava as vistas da