Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/65

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despertou-o do sono a perfídia. Defronte da entrada alguma balsas, vencendo a força das águas, atracaram entre as duas pedras; vinham carregadas de bandoleiros. O Camarão dirigiu o assalto. Exercitados na vida do mato, os seus caboclos penetraram no pouso sem grande custo, não obstante ser preciso, para chegar aí, dar muitas voltas onde haviam grandes fojos com estepes aguçados, habilmente dispostos por baixo de camadas de folhas secas. Os nobres somente tiveram tempo de dar alguns tiros a que os agressores responderam com vantagem. João da Cunha, conquanto muito animoso, teve de render-se ao grande número, depois de ferido. Os bandoleiros saquearam o pouco, derrubaram árvores, e deslocaram pedras para o abrir e patentear.

Ao amanhecer, alguns espias vieram referir a Falcão o que se havia passado. Então, tomando escusa vereda, o chefe da liga penetrou na manga subterrânea, e foi parar no cedro oco donde esperava ver a tropa, e pela vista avaliar o destroço.

A hora em que se deu começo à tinguijada, nada constava ainda a Félix José Machado sobre o resultado da diligências às matas. Seu espírito por isso vacilava inquieto entre o bom e o mau êxito; e seus olhos não cessavam de volver-se para o lado donde deveriam vir as canoas inimigas, se acaso a tropa não tivesse dado sobre os conspiradores a tempo de frustrar-lhes o plano.