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Tendo por eles o governador e o ouvidor, não há ofensas que destes desnaturados ministros não consigam contra nossas pessoas, nossas famílias, nossas próprias vidas.

A caçada geral, ordenada pelo parcial governador, apanhou onze dos nossos mais estimados amigos, e ilustres pernambucanos.

Neste momento tivemos aqui a notícia da prisão dos meus dignos irmãos João Alves Guerra e Miguel Lopes. Para levarem a efeito este intento, não hesitaram ante o sangue e a morte; pelo crime de tomar a defesa de seus senhores, um escravo fiel foi assassinado.

Do nosso seio os bandoleiros de Camarão e Tunda-Cumbe acabaram de arrancar tão importantes amigos e patrícios, e sobre a cabeça destes está pendente cruel sentença de morte.

Enfim, de toda a parte levantaram-se aos céus clamores contra a tirania de Félix José Machado e Marques Bacalhau, instrumentos dos mascates do Recife.

À vista de tantos e tão violentos atentados, Revmo. Senhor, estamos deliberados a lançar mão das armas para defesa da pátria e de tudo o que nos pertence.

Essa defesa nós a imaginamos grande, forte, tenaz. O que nós queremos é a independência de Pernambucano, e antes que V. Revma. nos pergunte qual o meio de realizar essa independência, apresso eu a declaração: esse meio é a revolução.

Aos que nos disserem, Revmo. Senhor, que, não procedendo de el-rei, mas de seu governo, os males que padecemos, haveria excesso do recurso indicado, responderei que não se podendo compreender sejam bons reis aqueles que sustentam maus governos, não há excesso, antes há justiça, na projetada providência.