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Não é de hoje que na separação do Brasil do reino de Portugal eu vejo o único remédio para os nossos males.

Quando em 1710, em Olinda, reunidos o senado da Câmara e a nobreza se tratou da eleição do governador, por ter fugido covardemente para a Bahia, Sebastião de Castro Caldas, antes que fosse feita a escolha tão honrosamente para a pátria, por ter recaído na pessoa de V. Revma., largamente se discutiu a idéia "de sacudir com os mascates, o jugo de Portugal", e V. Revma. sabe decerto, que a independência de Pernambuco era ponto decidido e concertado pelo venerando ancião Bernardo Vieira de Mello, herói talhado pela natureza para libertador da pátria com seu mestre de campo, o famoso João de Freitas da Cunha e o capitão-mor Antônio Ribeiro da Silva

Nesse ajuntamento, Revmo. Senhor, votei com estes exímios patriotas para que nos "declarássemos em República ad instar dos venezianos"; e se então os nossos votos não prevaleceram, por entender a maioria do ajuntamento que o nosso projeto era de "alta audácia e magnitude", e que, com a mudança do odiado governador, volveriam a Pernambuco ditosos e serenos tempo, não pensam mais assim esses mesmos que ilusoriamente acreditaram na eficácia dos meios incompletos, e ao menos todos os que nos achamos no seio destas matas seculares, não temos por eficaz nenhum outro remédio senão a independência do Brasil, seja qual for a forma de governo que possa ele vir a ter.

Cheguei ao ponto essencial desta carta, Revmo. Senhor.

Somos por hora trinta, os que nos achamos aqui; amanhã seremos talvez mil. Dos presentes não um só que não prefira perecer honrosamente no campo da batalha, pelejando pela liberdade da pátria, a afinar-se