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obscura e ignominiosamente nos subterrâneos das Cinco Pontas, servindo de ludibrio a estrangeiros que nunca jamais hão de ter para nós sentimentos benévolos.

Que é que nos falta para realizarmos a magna idéia da libertação do Brasil, ou pelo menos de Pernambuco? Falta-nos um chefe querido do povo da capitania, Revmo. Senhor, um chefe de reúna em si altas virtudes particulares e públicas, que seja de egrégias tradições, de ilustre consciência e ilustrada razão, que comungue conosco amigavelmente aos pés do altar da liberdade, que francamente, como nós, queira a revolução, por bem da felicidade dos brasileiros.

V. Revma. preenche satisfatoriamente as condições exigidas no chefe de que necessitamos. V. revma. é vítima como nós, da sanha dos mascates, por ter sido desde o começo da guerra o primeiro esteio da nobreza, é alvo das iras inimigas e está exposto à prisão e à morte; por suas altas virtudes e respeitabilíssima posição, pode melhor do que nenhum outro, ocupar o lugar mais elevado e conspícuo no movimento libertador. E logo que proclamar aos povos da capitânia, todos se levantarão para o seguir, como um só homem, ao caminho da glória.

Eis-nos, por todas estas razões, a pedir a V. Revma. que salve a nossa pátria, aceitando o lugar que está por preencher na frente das falanges pernambucanas.

É esta a nossa súplica, Revmo. Senhor.

Vosso humilde servo e respeitador,

PADRE A. JORGE GUERRA

Em menos de cinco minutos Lourenço estava de caminho para Olinda, e dois dias depois entregava a resposta do prelado que foi desanimadora. "Que nos