Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/79

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Eis como finalizou o congresso dos fugitivos, após a leitura da carta do bispo.

O espírito de resistência em todos os dominava; a firmeza de seus ânimos; a coragem; a fé; a convicção de que por seu número, que tendia a aumentar, e pelas condições de defesa, não havia forças que os pudesse bater, fizeram voltar-lhe aos corações o sossego, um momento interrompido.

Não tendo mais de fazer ali, Lourenço, que ouvira as últimas palavras, profundamente comovido, despediu-se de Falcão d'Eça e tomou para Goiana.

Ia descontente e desanimado. Não lhe restava a mais pequena esperança de salvar o sargento-mor. A última carta tinha sido jogada, e perdera-se a mão.

— Sempre pensei - dizia consigo - que seu Falcão faria alguma coisa; mas toda esperança está acabada. Vejo que não posso ser bom em nada. E como terei ânimo para contar em Goiana, a sinhá D. Damiana e à minha mãe, esta grande desgraça? Oh! que tempos, meu Deus, que tempos! A gente não sabe meios nem modo de fugir à adversidade,

E para matar as idéias tristes que lhe iam na cabeça, começou a cantarolar as letras de uma chula popular:

Tenho minha cachorrinha.
Que minha Tatá me deu;
Tenho um só desgosto dela:
É ser filha de europeu