Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/83

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prender-se os três expatriados. Aceito este oferecimento, expediram-se as necessárias ordens ao governador Manoel da Rocha Lima; e Jerônimo partiu a seu destino.

A ausência destes ardentes sequazes dos mascates moderou, mas não fez cessar inteiramente a agitação, que, como febre, dominava o povo da vila. Belchior, Manoel Rodrigues, Manoel Gaudêncio, Romão da Silva, e até o preto Lauriano alentavam a efervescência pública, ora percorrendo as ruas, em vociferações, ora comentando em adjuntos nas esquinas e adros, os acontecimentos que se davam; agora, soltando vivas e morras, agora penetrando nas casas onde se achavam as mulheres e filhas dos nobres, para as insultar e desacatar. A medida da desforra era como o tonel das Danaides: não se enchia nunca.

Nos semblantes desfigurados desses homens que as bebidas alcoólicas, larga e gratuitamente fornecidas por taberneiros sem fé nem moral, tornavam mais malvados do que na realidade eram liam-se baixos sentimentos e paixões indignas que a polícia do tempo, em vez de açular como fazia, visto que era conivente nas desordens e motins, devia refrear e punir.

Quando constou a prisão do senhor do engenho Bujari, subiram à altura de delírio as demonstrações e regozijo com que os inimigos a festejaram.

À frente de um espesso magote, de que faziam parte os mais afamados vultos da gentalha, Belchior correu ao condenado engenho, alvo das mais entranháveis