Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/86

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deitou a correr para preveni-los. Fizeram-lhe fogo pelas costas, e ele caiu com uma perna quebrada, correndo-lhe o cavalo. Ao estrondo dos tiros, o mulato Barnabé, de um dos homiziados, acode com uma espingarda que dispara contra a tropa. O tiro emprega-se em um dos soldados e prosta-o morto, por terra; mas imediatamente dão uma descarga, contra o escravo, que cai atravessado por balas. Dando-se estas tristes cenas quase defronte a palhoça, não tiveram os homiziados tempo de fugir. Perdido esse recurso, trataram de combinar meios de defesa.

— Não vejo nenhum, a não ser a fuga - disse Luís Vidal.

— A fuga? inquiriu André Cavalcanti. Mas por que modo? A tropa aí está.

Cosme cortou a discussão com estas palavras decisivas.

— Cosme Bezerra Cavalcanti, quando tem pela frente o inimigo, não sabe dar-lhe as costas. Para que nos hão de servir as armas e munições que trouxemos de Goiana? Lutaremos como homens até morrer, mas não fujamos jamais, como fracas mulheres, quando está com vistas em nós o inimigo, que atiraria contra nós pelas costas, como se faz aos covardes, se usássemos esse meio indigno.

Não tinha ainda acabado, quando rompeu o fogo de fora sobre a frágil cabana.

Eram doze a dezesseis homens os que haviam dentro,