Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/96

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e aos coices, por entre a tropa, debaixo de um chuveiro de pancadas.

A tropa tentou então impedir a passagem dos almocreves; mas já foi tarde: o exemplo de Lourenço levantara os espíritos. Não houvesse um só dentre aqueles que não desse mostras de grande valor. Aos golpes dos bandidos, respondiam com chicotadas e pranchadas. Estando a maioria dos bandidos a pé, não foi difícil aos almocreves escapar-lhes. O chefe e dois ou três, quando muito, que estavam cavalgando, cansados animais, ainda tentaram atalhar a fuga, descarregando as armas de fogo que traziam sobre os que fugiam. Mas, assim que viram Lourenço seguidos de três ou quatro mais animosos torcer para trás, e de facão em punho, fazer-lhes frente, sobrestiveram, espantados de tanta coragem e receosos de serem vítimas deles.

— Havemos de encontrar-nos muito em breve - disse o chefe.

— É quando quiser. Ando sempre por estas estradas a qualquer hora do dia e da noite - retorquiu Lourenço.

Assim falando, voltou com os quatro a reunir-se aos outros, que, livres do embate, já corriam à brida solta pela estrada afora.

Começaram agora as reflexões sobre o que poderia acontecer-lhes. Fracos homens do povo, sem o menor amparo, porque o único que tinham eram os senhores