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Desde esse momento deixou de existir para mim.

Lembra-se do que me dissera o Cunha no teatro? Era assim que caluniavam essa moca; porque também ela punha sobre o coração a máscara do capricho.

Tínhamos esquecido o Cunha e falávamos de outras coisas.

— Decididamente, Lúcia, não queres mais saber de mim?

— Eu!... Se é preciso, suplico-lhe de joelhos que me venha ver!

Abanei a cabeça.

— Se tens um amante e desejas guardar-lhe fidelidade, é diferente; podemos ficar amigos e ver-nos ainda de vez em quando. Mas para satisfazer um capricho pueril! Não estou disposto.

— Então se eu tivesse um amante, faria o que eu lhe peco ? Viria ver-me ?

— Nesse caso haveria um motivo justo, que eu respeitaria.

— Pois bem; eu tenho!

— Um amante?

— Sim!

— Quem é ele?

— Não sei. Ainda não tenho; mas terei amanhã; hoje, se quiser.

— Agora mesmo! Serei eu!

— Oh! não!

— Bem vês que não passa de um capricho. Já me tinham falado dessa tua excentricidade. Gostas de fechar a porta aos teus amantes, quando eles menos esperam; talvez para puni-los do prazer que lhes deste! É uma vingança!