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Uma manhã lia os jornais sobre a mesa do almoço, esperando que me servissem, quando o moleque prorrompeu na sala com o ar espantado, com que correria a anunciar-me que tínhamos fogo em casa.

— Está aí uma moça!

— Uma moça! repeti com um batimento de coração.

— O rosto dela está coberto com véu; mas eu vi!. . . muito bonita, sim senhor!

Quem podia ser senão Lúcia ? Não me enganei. Avistando-me roçagou o véu, e disse com um triste sorriso:

— Resisti enquanto pude: não tenho mais forças. Estou pronta para tudo.

— Para tudo? perguntei sorrindo.

— Já que é preciso para vê-lo!

— Com que ar dizes isto! Se e um sacrifício, renuncio.

— E continuará a fugir-me? Passará por mim sem olhar-me. Não; não é um sacrifício. Preferia que nos víssemos de outra maneira; mas não é possível! O senhor quer; e o meu maior prazer não é fazer-lhe todas as vontades?

— Vamos almoçar; passarás hoje o dia comigo.

— Só com uma condição.

— Qual será essa condição que eu não aceite para ter o prazer de possuir-te um dia inteiro ?

— É... que não há de ser hoje! disse ela enrubescendo.

— Começas de novo com os teus caprichos.

— Então não fico! replicou atando as fitas do chapéu, e com o tom decidido.

— Deixa-te disto, Lúcia.

— Adeus; até amanhã.

— Está bem; aceito a condição.