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Talvez não se lembre de um Jacinto, cujo nome, então desconhecido para mim, ouvira uma vez da boca de Lúcia.

Era um homem de 45 anos; feição comum e espírito medíocre. Encontrava-o agora todos os dias em casa de Lúcia; e desde a primeira vez antipatizara com a sua enjoativa figura.

— Quem é este senhor? perguntei a Lúcia.

Ela perturbou-se.

— É um sujeito que costuma tratar dos meus negócios.

— Que importantes negócios são os teus que eu não me possa incumbir deles ?

— Compras... Não tenho outros. Para que incomodá-lo com isso?

— Também sou ciumento: não desejo que ocupes outra pessoa além de mim.

— Esse homem é quase um criado.

A palavra produziu o seu efeito; desde que o Jacinto desceu ao mister de homem assalariado, não fiz mais reparo na sua assiduidade. Quase sempre o encontrava na escada interior, descendo quando eu subia; dava-lhe tanta atenção como ao carroceiro que enchia as talhas d'água, ou ao cozinheiro que saía a compras.

Tínhamos partido de São Domingos na véspera às oito horas da noite; às onze deixara Lúcia em sua casa, desculpando-me de não ir vê-la no dia seguinte de manhã, por causa de algumas visitas de rigor.

— Sucedeu porém que, voltando de uma dessas visitas, o cocheiro do tílburi passasse pela porta de Lúcia. Não pude resistir ao desejo de vê-la, apertar-