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No dia seguinte à mesma hora voltei à casa de Lúcia; achei-a ao piano

— O que estava tocando?

— Nem sei!... Uma valsa que aprendi de ouvido.

— Continue!

— Não sei tocar, não! Estava brincando; não tinha que fazer. Como passou de ontem?

— Bem, obrigado. Já vê que a minha segunda visita não se demorou muito.

— Ainda assim não compensa a demora da primeira.

— Sentiu essa demora?. Qual! ontem nem me conheceu.

— Tanto como na Glória. Ainda que se tivessem passado anos, creio que em qualquer parte onde me encontrasse com o senhor, o reconheceria.

— Por que motivo então fingiu ontem não se lembrar de mim, logo que entrei ?

— Por quê?... Queria ver uma coisa.

— E não se pode saber o que era?

— Não é preciso!

— Há de me dizer!...

E tomei-lhe as mãos que estavam frias e trêmulas.

— Pois bem, eu lhe digo. Queria ver se ainda se lembrava do nosso primeiro encontro, respondeu ela furtando o corpo ao meu abraço.

— Duvidava? . . Não tinha razão; talvez fosse eu o que melhor guardasse essa lembrança.

Lúcia abanou a cabeça lentamente: