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uma noite sem que me veja espiado! Hás de confessar que não é muito agradável; se pensas que é este o meio de me prender, estás completamente enganada. Aprecio muito a minha liberdade; deves te lembrar que entre nós não existem compromissos.

— Nem um decerto!

— Portanto não temos que espiar-nos um ao outro.

— Perdoe-me: fiz mal, não o farei nunca mais. Calei-me.

— Diga-me ao menos que não está agastado!

— Boa-noite!

Lúcia precipitou-se para impedir-me o passo; vi um instante brilhar na sombra o seu olhar cintilante, mas logo deixou pender os braços, curvando a cabeça:-O coração me adivinhava! O Sá!... Continuei o meu caminho. Era a primeira noite, depois de um mês, que passava no hotel, e longe de Lúcia; como me achei só no deserto da nova existência que ia começar!