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AFFONSO CELSO

Manhans inteiras, levava-as a espremer cravos e extorquir pellos da cara, untando-a depois de pomadas cheirosas ou caiando-a de pó de arroz.

Merecia-lhe o cabello especial cuidado. Presumia, sem duvida, que, como a de Samsão, residia nas melenas a sua força.

Alisava-as repetidas vezes ao dia, arrancando-lhes intransigentemente os fios brancos e gastava horas a confabular com grampos, espelhos e pentes, imaginando combinações ineditas de cachos, caracóes, pastinhas, topetes, das quaes aguardava irresistiveis effeitos.

No mais, requebrava os olhos quando falava, tinha melifluidades beatas na voz, comprazendo-se com a narração de perfidias mansas, de crueldades hypocritas e frias. Unctuoso tudo nella; dir-se-hia que, em