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AFFONSO CELSO

Recordo o meu passado de galas em S. Francisco, o meu luxo, a minha mocidade sacrificada, os meus encantos (apregoavam-n’os tanto outr’ora, que cheguei a acreditar n’elles), os meus encantos, deixe-me dizel-o, os meus encantos extinctos, os meus sonhos ludibriados, o meu coração innutilizado, o meu caracter e sentimentos desconhecidos... E então me revolto, e me desespero, e quasi enlouqueço de tanto padecer. Ah! se a sorte me proporcionasse conselhos e affecto de alguem que me comprehendesse e guiasse, quão proveitosa e feliz me correria a existencia, e com que carinhoso frenesi eu saberia adorar esse alguem! Perdoe estas expansões descabidas e ás quaes não me assiste direito para com usted. Tomei a penna, repito, sob a pressão de uma das taes crises. Aqui ninguem