Página:Lupe (Affonso Celso, 1895).pdf/212

Wikisource, a biblioteca livre
208
AFFONSO CELSO

como se lhe houvesse cerrado piedoso os olhos travessos, cruzado sobre o seu peito as suas mãos fidalgas e atirado sobre o seu corpo donairoso a derradeira pá de cal.

Pobre Lupe, estrella cadente que debuxou rapida linha de luz mysteriosa no horizonte da minha mocidade, — galante esphynge pousada á beira da minha remota estrada percorrida!

Que eras tu? Alma corrompida ou pura? Corpo maculado, ou de virgem? Victima apenas de pernicioso meio? Flôr venenosa do mal?!

Pude simplesmente apprehender que foste uma perseguida do destino.

Deixa-me fixar depressa no papel os teus traços fugitivos, n’estas paginas escriptas a correr.

Amanhã será tarde. Tudo passa, tudo acaba. Quanto mais as saudades