Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/100

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LULU - Eu não namoro.

PINHEIRO - Com essa idade?

LULU - Pois então! Mas escute: estes arrufos vão continuar?

PINHEIRO - Eu sei lá.

LULU - Sabe, sim. Veja se isto é bonito na lua de mel; ainda não há cinco meses que se casaram.

PINHEIRO - Não há, não. Mas a data não vem ao caso. A lua de mel ofuscou-se; é alguma nuvem que passa; deixa-la passar. Queres que eu faça como aquele doido que, ao enublar-se o luar, pedia a Júpiter que espevitasse o candeeiro? Júpiter é independente, e me apagaria de todo o luar, como fez com o doido. Aguardemos antes que algum vento sopre do norte, ou do sul, e venha dissipar a passageira sombra.

LULU - Pois sim! Ela é norte, o primo é o sul; faça com que o vento sopre do sul.

PINHEIRO - Não, senhora, há de soprar do norte.

LULU - Capricho sem graça!