Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/127

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PINHEIRO - Qual foi a casaca que já me deu cuidados? Por ventura quando saio com a minha casaca não vou descansado a respeito dela? Não sei eu perfeitamente que ela não olha complacente para as costas alheias e fica descansada nas minhas?

ELISA - Pois tome-me por uma casaca. Vê em mim alguns salpicos?

PINHEIRO - Não, não vejo. Mas vejo a rua cheia de lama e um carro que vai passando; e nestes casos, como não gosto de andar mal asseado, entro em um corredor, com a minha casaca, à espera de que a rua fique desimpedida.

ELISA - Bem. Vejo que quer a nossa separação temporária... até que passe o

carro. Durante esse tempo como pretende andar? Em mangas de camisa?

PINHEIRO - Durante esse tempo não andarei, ficarei em casa.

ELISA - Oh! suspeita por suspeita! Eu não creio nessa reclusão voluntária.

PINHEIRO - Não crê? E por que?