Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/156

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MARTINS - Não é modéstia.

BASTOS - Mas quem poderá supor que seja encomenda? O seu caráter de homem público repele isso, tanto quanto repele o meu caráter de poeta. Há de se pensar o que realmente é: homenagem de um filho das musas a um aluno de Minerva. Descanse, conte com a sobremesa poética.

MARTINS - Enfim...

BASTOS - Agora, diga-me, quais são as dúvidas para aceitar esse cargo?

MARTINS - São secretas.

BASTOS - Deixe-se d'isso; aceite, que é o verdadeiro. V. Excia. deve servir o país. É o que eu sempre digo a todos... Ah! não sei se sabe: de há cinco anos a esta parte, tenho sido cantor de todos os ministérios. É que, na verdade, quando um ministério sobe ao poder, há razões para acreditar que fará a felicidade da nação. Mas nenhum a fez; este há de ser exceção: V. Excia. está nele e há de obrar de modo que mereça as bênçãos do futuro. Ah! os poetas são um tanto profetas.

MARTINS (levantando-se) - Muito obrigado. Mas há de me desculpar. (Vê o relógio). Devo sair.