Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/161

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MATHEUS - Não posso explicar o meu segredo porque seria perdê-lo. Não é que eu duvide da discrição de V. Excia.; longe de mim semelhante idéia; mas é que Vossa Excia. sabe que estas coisas têm mais virtude quando são inteiramente secretas.

MARTINS - É justo; mas, diga-me lá, quais são as propriedades da sua peça?

MATHEUS - São espantosas. Primeiramente, eu pretendo denominá-la: O raio de Júpiter, para honrar com um nome majestoso a majestade do meu invento. A peça é montada sobre uma carreta, a que chamarei locomotiva, porque não é outra coisa. Quanto ao modo de operar, é aí que está o segredo. A peça tem sempre um deposito de pólvora e bala para carregar, e vapor para mover a máquina. Coloca-se no meio do campo e deixa-se... Não lhe bulam. Em começando o fogo, entra a peça a mover-se em todos os sentidos, descarregando bala sobre bala, aproximando-se ou recuando, segundo a necessidade. Basta uma para destroçar um exército; calcule o que não serão umas doze, como esta. É ou não a soberania do mundo?

MARTINS - Realmente, é espantoso. São peças com juízo.

MATHEUS - Exatamente.

MARTINS - Deseja