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Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/176

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preciso saber. Se não for a moderação, está perdido. Vou averiguar isso.

MARTINS - Não janta conosco?

PACHECO - Um destes dias... obrigado... até depois...

SILVEIRA - Mas esperem: onde vão? Ouçam ao menos uma história. É pequena mas conceituosa. Um dia anunciou-se um suplício. Toda gente correu a ver o espetáculo feroz. Ninguém ficou em casa: velhos, moços, homens, mulheres, crianças, tudo invadiu a praça destinada à execução. Mas, porque viesse o perdão à última hora, o espetáculo não se deu e a forca ficou vazia. Mais ainda: o enforcado, isto é, o condenado, foi em pessoa à praça pública dizer que estava salvo e confundir com o povo as lágrimas de satisfação. Houve um rumor geral., depois um grito, mais dez, mais cem, mais mil, romperam de todos os ângulos da praça, e uma chuva de pedras deu ao condenado a morte de que o salvara a real clemência. - Por favor, misericórdia para este (apontando para Martins). Não tem culpa nem da condenação, nem da absolvição.

PEREIRA - A que vem isto?

PACHECO - Eu não lhe acho graça alguma!