Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/195

Wikisource, a biblioteca livre

Olimpo.

MARTE

Desgraçado

Daquele que assim foge às lutas e à conquista!

JÚPITER (a Marte)

Que tens feito?

MARTE

Oh! por mim, ando agora na pista De um congresso geral. Quero, com fogo e arte, Mostrar que sou ainda aquele antigo Marte Que as guerras inspirou de Aquiles e de Heitor. Mas, por agora nada! — É desanimador O estado deste mundo. A guerra, o meu ofício, É o último caso; antes vem o artifício. Diplomacia é o nome; a coisa é o muito engano. Matam-se, mas depois de um labutar insano; Discutem, gastam tempo, e cuidado e talento; O talento e o cuidado é ter astúcia e tento. Sente-se que isto é preto, e diz-se que isto é branco: A tolice no caso é falar claro e franco. Quero falar de um gato? O nome bastaria. Não, senhor; outro modo usa a diplomacia. Começa por falar de um animal de casa, Preto ou branco, e sem bico, e sem crista e sem asa, Usando quatro pés. Vai a nota. O argüido Não hesita, responde: "O bicho é conhecido, É um gato". "Não senhor, diz o argüente: é um cão".

JÚPITER

Tens razão, filho,