APOLO
Não, meu pai, sou o rei da poesia. Devo ter um lugar no mundo, em harmonia Com este que ocupei no nosso antigo mundo. O meu ar sobranceiro, o meu olhar profundo, A feroz gravidade e a distinção perfeita, Nada, meu caro pai, ao vulgo se sujeita. Quero um lugar distinto, alto, acatado e sério. Co’a pena da verdade e a tinta do critério Darei as leis do belo e do gosto. Serei O supremo juiz, o crítico.
JÚPITER
Não sei Se lava o novo ofício a vilta de infiel...
APOLO
Lava.
JÚPITER
E tu, Marte?
MARTE
Eu cedo à guerra de papel. Sou o mesmo; somente o meu valor antigo Mudou de aplicação. Corro ainda ao perigo, Mas não já com a espada: a pena é minha escolha. Em vez de usar broquel, vou fundar uma folha. Dividirei a espada em leves estiletes, Com eles abrirei campanhas aos gabinetes. Moral, religião, política, poesia, De tudo falarei com alma e biz