Saltar para o conteúdo

Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/255

Wikisource, a biblioteca livre

D. CATARINA - Não acabeis, que me obrigareis a fugir de vexada.

CAMÕES - De vexada! Quando é que a rosa se vexou, por que o sol a beijou de longe?

D. CATARINA - Bem respondido, meu claro sol.

CAMÕES - Deixai-me repetir que sois divina. Natércia minha, pode a sorte separar-nos, ou a morte de um ou de outro; mas o amor subsiste, longe ou perto, na morte ou na vida, no mais baixo estado, ou no cimo das grandezas humanas, não é assim? Deixai-me crê-lo, ao menos; deixai-me crer que há um vínculo secreto e forte, que nem os homens, nem a própria natureza poderia já destruir. Deixai-me crer... Não me ouvis?

D. CATARINA - Ouço, ouço.

CAMÕES - Crer que a última palavra de vossos lábios será o meu nome. Será? Tenha eu esta fé, e não se me dará da adversidade; sentir-me-ei afortunado e grande. Grande, ouvis bem? Maior que todos os demais homens.

D. CATARINA - Acabai!

CAMÕES - Que mais? D. CATARINA -