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Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/276

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D. ANTÔNIO, da porta, jubiloso. - Interrogastes-me há pouco; agora hei tempo de vos responder.

D. MANUEL - Talvez não seja preciso.

D. ANTÔNIO, adianta-se - Adivinhais então?

D. MANUEL - Pode ser que sim.

D. ANTÔNIO - Creio que adivinhais.

D. MANUEL - Sua Alteza concedeu-vos o desterro de Camões.

D. ANTÔNIO - Esse é o nome da pena: a realidade é que Sua Alteza restituiu a honra a um vassalo, e a paz a um ancião.

D. MANUEL - Senhor D. Antônio...

D. ANTÔNIO - Nem mais uma palavra, senhor D. Manuel de Portugal, nem mais uma palavra. - Mancebo sois; é natural que vos ponhais do lado do amor; eu sou velho, e a velhice ama o respeito. Até à vista, senhor D. Manuel, e não turveis o meu contentamento. (Dá um passo para sair.)