Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/356

Wikisource, a biblioteca livre

BARÃO - Que é?

D. HELENA - A teoria de que o amor e a ciência são incompatíveis.

BARÃO - Oh! isso...

D. HELENA - Dá-se o espírito à ciência e o coração ao amor. São territórios diferentes, ainda que limítrofes.

BARÃO - Um acaba por anexar o outro.

D. HELENA - Não creio.

BARÃO - O casamento é uma bela coisa, mas o que faz bem a uns, pode fazer mal a outros. Sabe que Mafoma não permite o uso do vinho aos seus sectários. Que fazem os turcos? Extraem o suco de uma planta, da família das papaveráceas, bebem-no, e ficam alegres. Esse licor, se nós o bebêssemos, matar-nos-ia. O casamento, para nós, é o vinho turco.

D. HELENA (erguendo os ombros) -Comparação não é argumento. Demais, houve e há sábios casados.

BARÃO - Que seriam mais sábios se não fossem casados.

D. HELENA - Não fale assim. A esposa fortifica a alma do sábio.