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Ouve-me, amiga, este é o Silencio, o grande
Silencio, o rei das trevas e da calma,
  Em que a nossa triste alma,
Penetrada de maguas e de dor,
  Se dilata, se expande,
E seus segredos intimos mergulha...
Prolonga-se a mudez: nenhuma bulha;
Já não se ouve o minimo rumor.

Esta é a mudez, esta é a mudez que fala
(Não aos ouvidos, não, porque os ouvidos
Não conseguem ouvir esses gemidos
Que ella derrama, á noite, sobre nós,
  A’ alma de quem se embala
Numa saudade mystica e tranquilla...
Nossa alma apenas é que póde ouvil-a,
E que consegue perceber-lhe a voz.

Escuta a queixa tacita e celeste
Que este silencio fala a ti, tão triste...
E has de lembrar o dia em que tu viste
Perto de ti, pela primeira vez,