Página:Memoria justificativa do desembargador da relação da Bahia (hoje do Porto) João Carlos Leitão.pdf/11

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A QUEM LER.

Nos dias nuviosos que vivemos os Portuguezes, o que quizer merecer a gloria de o ter sido sempre, deve conservar illeso o seu crédito de qualquer longe de dúvida, ou contradicção; e ainda mesmo prevenir a guerra dos Partidos, que de ordinario fitão com olhos avessos a quem não devaneou com elles.

A Fidelidade ao Rei, e o Amor á Patria, são os primeiros deveres sociaes, e que só podem qualificar o Cidadão virtuoso. Honesta, e cuidadosa educação me deu na infancia o leite desta doutrina, que atégora tenho praticado no meio das horriveis convulções, que neste astroso seculo tem agitado a Monarchia Portugueza. E porque terá causado estranheza (se he que me não chegárão borborinhas disso) ser eu o ultimo Desembargador da Relação da Bahia, que chegou a esta Corte muito depois da emigração de huns, e expulsão de outros, resolvi-me a compendiar os successos extraordinarios, que motivárão tal demora, e dar-lhes a luz pública para socego do meu, e alheio escrupulo.

Não ajunto documentos de todos os factos, por não alongar a lição delles; na representação, que pela Repartição competente fiz subir á Augusta Presença de ElRei Nosso Senhor, forão os necessarios; e ao que o descrer resta o facil meio de tranquillisar as suas dúvidas, lendo os originaes, que existem em meu poder.

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