de Paracatú, e ao Nascente a do Principe na barra
do antedito Rio Verde; e, ou fosse verdade, ou afeição,
como que achei as margens já menos formosas
e povoadas, ainda que mais ricas de fructas, e
hortaliças, e de gente menos rude. Na distancia de
oitenta legoas até á barra do Rio das Velhas, porto
do desembarque, só dei á memoria hum magnifico
Templo todo de cantaria, (rarissima por alli) levantado
em huma Fazenda de gado por hum Europeo,
e o maior de todo o Rio, e os Julgados do Salgado,
e S. Romão da Comarca do Paracatú; qualquer delles
com sufficiente numero de Habitantes, em boa
parte ricos, e filhos de Portugal, de quem recebi
sinceros gasalhados. E tambem os Rios Uracuia, e
Paracatú, do qual toma o nome a Comarca: ambos
a cortão de Poente a Nascente, e servem ao commercio,
e tributêão as aguas ao de S. Francisco.
Entrado na barra do Rio das Velhas saltei no barranco
fronteiro (já terreno da Comarca do Sabará)
á Povoação, que o Commercio ahi tem formado, composta
de gente mercantil, e com lojas de fazendas,
e grandes armazens, onde se depositão os couros,
sal, e outros generos, que sobem pelo Rio de São
Francisco, e depois se transportão em carros, e tropas
para o interior da Provincia. Este lugar he quasi
todo o anno flagellado das sezões; e a Villa, que
fica meia legua terra dentro, nem por isso as padece
menos. Gastárão-se alguns dias no aviamento das
vitualhas, e cavalgaduras, de que então havia falta,
e por conselho dos praticos tomei pela róta dos
Carros, ainda que deserta, e carecida de rancharias;
deixando a que segue junto ao Rio, mais habitada
de gente, porém muito apaulada, e a lugares escabrosa.
Nada guardei em lembrança do que fui vendo
por esta estrada até ao Curvêlo na extensão de quarenta
leguas, porque, em verdade, a não merecem