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no anno seguinte. Tudo isto foi muito natural, sendo mais natural a morte do rapaz.

Não era bonita, era sympathica. Não era sabia como D. Maria Caetana Agnezi, mas era intelligente; e mais espiritada do que espirituosa. Neste ponto trivialissima.

Lia o portuguez corrente como um juiz de paz, e trazia o francez em sarilho. Tocava a saloia ao piano, e nutria a presumpção de saber contar.

Quando a-conheci seus progenitores já haviam levado a breca.

Pretendeu-a na viuvez um capitalista, tambem viuvo.

Monica accedeu á licita pretenção. Nas vesperas das bodas, revelou-se-lhe o noivo com queda para a literatura-funda, ao lêr um artigo, inserto não sei em qual periodico, onde, ad-rem, o escriptor citava este aphorismo de Balzac:

«Un mari ne doit jamais s'endormir le premier ni se réveiller le dernier.»

Seguia-se a traducção, o pomo da discordia: «O marido não deve pegar no somno antes da mulher e nem acordar depois della.»