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O meu captiveiro entre

Levamos tudo isso para a ilha da Madeira e mandamos o nosso navio menor a Lisboa, dar parte ao rei do acontecimento e receber ordens relativas á presa, visto haver negociantes castelhanos entre os seus proprietarios.

El-rei ordenou que tudo deixassemos na ilha, e seguissemos viagem emquanto sua majestade deliberaria sobre o caso.

Assim fizemos e navegamos outra vez para Arzilla, na esperança de encontrar nova presa. Mas o vento, que em parte dessa costa é sempre contrario, não nos deixou alcançar o porto, e á noite, na vespera do dia de Todos os Santos, uma tempestade nos arrojou d'alli para os lados do Brasil.

Estavamos a umas quatrocentas milhas da Berberia quando demos num enorme cardume de peixes. Apanhamos innumeros a linha, alguns bem grandes, chamados pelos marinheiros albacores; colhemos tambem numerosos bonitos e dourados.

Havia em quantidade uns peixes com asas de morcego, do tamanho do arenque; perseguidos pelos grandes, sahiam d'agua aos cardumes e voavam á altura de duas braças, cahindo uns perto, outros longe, a perder de vista. Frequentemente, pela manhã, os encontravamos na soberta do navio, victi-