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e luxuoso azul; e fecha depois esses teus primorosos olhos também azues...

Sorri ainda uma vez, como num supremo frêmito final de ave ferida no peito;agita amorosamente, languescidamente, numa poeirada d’ouro, como na última noite de beijos da remota paixão que se foi, a loira e divina cabeça astral, leonina e doirada; tem um derradeiro estremecimento convulsivo e sonoro de cordas d’harpa em todo o níveo corpo; cerra à música celeste, eucarística da voz para sempre os lábios, e, assim, nesse láteo nimbo seráfico da Lua, fica em êxtase, na doce, na infinita quimera misteriosa da Morte, numa leve graça idealizante e alada de vôo etéreo de querubins, como quem está dormindo ou como o sol que emperdeniu e gelou...

Fria Aparição da meia-noite, o Luar seja contigo!