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MULHERES E CREANÇAS
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Posso apenas contar-lhe o que fiz.

Minha filha tem hoje vinte seis annos, é casada, é mãe, e tem sabido cumprir a dupla e difficil missão que a sorte lhe confiou.

Não sei se deva attribuir os meritos que todos lhe reconhecem á educação que procurei dar-lhe; parece-me, porém, que sem falsa modestia poderei confessar, que os meus cuidados não foram de todo inefficazes, e que o muito que pensei e meditei sobre o caracter da minha querida filha, me ajudou a guial-o no caminho do seu aperfeiçoamento.

Ha gente que diz que as mulheres não devem ler.

Não sei se alguma vez tem ouvido essas opiniões estupidas ou perfidas; não lhes dê credito minha boa amiga.

Eu não acho merito algum á mulher ignorante, que se resigna ao cumprimento dos seus obscuros deveres de todos os dias.

Segue rotineiramente um caminho de que não conhece as difficuldades, e se não se afasta d’elle é porque não sabe de nenhum outro.

A mulher deve ler, mas se mais tarde no pleno uso das suas faculdades mentaes, e da sua força moral, ella póde ler tudo sem perigo, é indispensavel que uma educação anterior a tenha preparado e fortalecido, é indispensavel que haja o maior cuidado na cultura