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MULHERES E CREANÇAS
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Dentro de uma gaiola, na janella da casa de jantar, haveria um canario muito alegre, não tanto ainda assim como ella, a pequenina ménagere muito atarefada, muito contente, espalhando na sua casa modesta e pobre um perfume de virtude, de castidade, de ternura animadora e sã!

Mas quem é que a tinha educado para cumprir este programma tão simples e tão difficil?

Quem lhe tinha communicado com o leite a noção d’estes graves e honestos deveres?

A mãe que a passeara de baile em baile, á cata de um marido?

Os livros que ella lêra e que fallavam de duetos apaixonados entre um bardo pelintra e uma menina romantica com olheiras e muito pó de arroz?

O marido ao principio quer luctar; procura educal-a elle, já que a familia a não educou; vem de fóra muitas vezes preoccupado com os seus estudos, com um problema scientifico que deseja resolver, com uma especulação industrial que talvez lhe dê a paz e a aurea mediocridade a que tanto aspira, por amor da sua querida mulhersinha... não importa!

Sacode como um peso importuno todos os pensamentos que o absorviam, senta-se ao pé d’ella, porque a vê triste, enfastiada, com um certo desleixo no aspecto que lhe aperta o coração, procura não reparar,