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MULHERES E CREANÇAS
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Sabes de onde sahe muitas vezes a ruina de uma casa?

Da cosinha.

Sabes qual é a origem de tantas doenças que por ahi nos desconsolam com os seus aspectos repulsivos?

A cosinha.

E tu entrando na vida conjugal, acceitando o encargo d’almas, porque a dona da casa acceita-o, recebendo nas tuas pequenas mãos delicadas a responsabilidade complexa de mãe de familia, tu pobre querida ignorante, ousas dizer desdenhosamente que nem sabes sequer se em tua casa ha cosinha.

Pois sabe.

Estás habituada a evocar com a aerea ligeireza dos teus longos dedos brancos as notas immortaes em que Beethoven, Rossini, Mayerbeer nos legaram as mysteriosas riquezas da sua alma?

Gostas dos delicados lavores inventados, pela paciencia feminal, dos bordados custosos, das matizadas sedas, de todo esse conjunto de graciosas futilidades em que nós dispendemos horas e horas da nossa vida?

Pois, minha querida, logo que a mulher penetra no limiar da sua casa de esposa tem de antepôr tudo que é util a tudo que é agradavel, tem de adoptar