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MULHERES E CREANÇAS
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A mulher que trabalha levanta-se cedo, não conhece as scismas voluptuosas, os languores morbidos, as flâneries sem motivo e sem fim.

É activa, por isso não tem aquellas horas de tédio profundo, que descobrem diante de um olhar os horisontes sinistros e esbraseados do suicidio; tem saude porque o tempo bem applicado e bem dividido não lhe deixa intervallos para se escutar, se sondar, para analysar as suas pequenas dôres, os seus pequenos incommodos, e os aggravar tomando remedios nocivos, e entregando-se á molleza que a pouco e pouco destroe a robustez do corpo; gosa de tudo com alegria, com vitalidade, com expansão, não desdenha nenhum dever, nenhuma occupação, nenhum trabalho porque o amor e a intelligencia prendem-se a tudo que ella faz.

Porque sabe conversar na sala com facilidade e chiste, nem por isso deixa de saber estar na cosinha, observar um por um todos os utensilios, vêr se estão limpos, inventar um menu que reuna as condições da economia e da variedade, ensinar a sua cosinheira, fazer mesmo por suas mãos um prato predilecto, que á mesa o marido e os filhos hão de saudar com alegria e saborear com appetite.

Desejo que ella saiba bordar, mas exijo que saiba serzir panno, dar rêdes com perfeição, cozer a roupa