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MULHERES E CREANÇAS

Não tem conversação, não tem espirito, não tem aquella doçura benevola e intelligente que é para o coração dos homens o que o algodão em rama é para o ninho das aves.

Quando aconselha irrita; quando quer guiar contraria, quanto tenta convencer, despersuade.

É porém activa, aceada, robusta, fiel, e nas horas de adversidade, de doença, de desfallecimento ou de miseria, tem os carinhos rudes, tem a dedicação humilde, tem a vigilancia perseverante, tem o exemplo energico e fecundo por isso mesmo.

O homem anda lá fóra, na lucta, no trabalho, na investigação, na sciencia; vae vivendo e vendo como n’uma ascensão rude, desvendarem-se todos os dias horisontes novos, vae estudando e sentindo como n’uma iniciação progressiva dilatar-se-lhe o espirito, clarear-se-lhe o entendimento.

Ella a esposa, a sua companheira, a sua melhor amiga, ignora os seus combates, as suas glorias, as acres delicias do seu sacrificio, os desanimos, as horas de impotencia, as aspirações, os arrebatamentos triumphantes da victoria.

Percebe simplesmente se o marido está doente, se anda magro, se tem fastio, se tem roupa branca. Inventa-lhe pequenos pratos, manipula-lhe remedios caseiros, vigia para que lhe não faltem aquelles commodos