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MULHERES E CREANÇAS

vida, bastante indulgente para se permittir todos os gozos sociaes, bastante severo para não admittir que haja virtudes, merito, nobreza, sublimidade possivel fóra do seu estreito gremio.

Aqui como alli é sempre o divorcio na familia debaixo de qualquer dos aspectos.

Aqui porém mais completo ainda, visto que a vida da sociedade exige mais da mulher, visto que n’esta existencia de representação exterior e pueril, nem ao menos subsiste entre a mulher e o marido aquella intimidade material, aquella protecção mutua que faz com que o homem seja o braço, o amparo, o sustentaculo, e a mulher o desvelo, a economia, a vigilancia continua, a dispensadora e reguladora de todos os confortos materiaes da familia.

A mulher de sala vive para todos, menos para os seus.

Veste-se, despe-se, reza, confessa-se, recebe visitas, tagarella, agrada, encanta, mas no meio d’este labyrintho de pequenas occupações, de pequenos deveres, de pequenas caridades officiaes, de pequenas praticas devotas, ignora completamente e absolutamente tudo que póde constituir a verdadeira missão da mulher no mundo e na familia.

Se alguem tivesse a ousadia de dizer-lhe:

— Julgas-te superior e moralmente fallando a mulher