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MULHERES E CREANÇAS
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e na minha alma houver de bom; só assim me poderei ir lentamente transformando sob a influencia regeneradora e purificante d’aquella immaculada innocencia!

Oh! divina transmissão mutua de virtudes e de forças, que constitue o laço moral e inquebrantavel que une a mãe ao filho das suas doloridas entranhas!

Por ora nada tenho que ensinar ao meu louro bébé.

Tenho só de escutar o que diz no silencio, aquella pequenina alma em embryão, e de aprender a ler n’aquelle mysterioso livro que é indecifravel para todos e que é tão eloquente para mim.

Bébé tem uns grandes olhos; uns dizem que são azues, outros dizem que não. Por ora não tem côr; ou para melhor dizer ha na sua limpidez de crystal todos os cambiantes e todos os reflexos. Os olhos de Bébé são como a alma d’elle, teem a doçura do leite que bebe, teem a suavidade dos beijos com que o visto noite e dia.

Scisma ás vezes vagamente... longamente... Em que? Não ha ninguem que o saiba dizer, visto que um coração de mãe o não adivinha. Scisma no céu d’onde veio? Talvez. Ha mysterios de luz na alma profunda das creanças.

Gosta da claridade dos dias limpidos, das arvores, das côres vivas, e tambem da opalina tristeza do luar.