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MULHERES E CREANÇAS
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Se a sociedade e a civilisação requintada e corrupta dos nossos tempos ainda não ensinaram á mulher o caminho verdadeiro e util que tem a seguir, antes d’elle a teem afastado mais e mais, ella póde ainda erguer-se do marasmo intellectual em que se compraz, e mostrar ao homem que é digna de coadjuval-o na sua obra de reedificação, digna de acompanhal-o na realisação pratica do que para elle, desajudado e só, não tem passado d’uma bella concepção theorica onde ás vezes transluzem não sei que visos de chimera.

Todos os seculos teem mais ou menos acceitado a herança dos seculos precedentes.

Ao nosso cabe porém a gloria de ter renegado muitos erros do passado, de ter proclamado a sua independencia, de ter produzido um reviramento absoluto n’esse conjuncto de idéas, de conhecimentos, de aspirações e de theorias que constituem o ideal humano.

O que hoje se exige da mulher é positivamente o contrario do que a sociedade antiga affeiçoada por moldes diversissimos exigia até agora.

Este ponto d’uma importancia capital precisa de ser esclarecido a fundo.

Á escravidão absoluta a que o nosso sexo se curvou sob o imperio de religiões extinctas, á bruteza dilacerante em que elle viveu submerso entre as sombras das idades barbaras, succedeu — e succedeu providencialmente — a