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MULHERES E CREANÇAS
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nacional, como o desprezo pelos pobres é o timbre e o brazão da nossa sociedade, como o luxo é o sonho e a aspiração constante de todos os cerebros juvenis, provém d’aqui que dia a dia, se sente na familia uma perturbação e uma desharmonia mais graves que o contentamento intimo e desinvejoso vae-se tornando uma flôr rara, que só aqui ou alli enfeita suavemente a fronte ignorante de uma collegial de quinze annos!

Depois, como se não póde vencer o impossivel, mesmo as que empregam os maximos sacrificios para apparecerem e brilharem, depois de alcançado o fim a que aspiravam, ficam mais tristes e mais despeitadas do que antes de o ter realisado.

No baile, á luz opalina dos lustres, no aroma capitoso das violetas, entre as magnificencias avelludadas das camelias, percebem — e com que amargo desespero! — que o seu vestido não está fresco, que estão machucadas as suas flores, que a ninguem illude o amarellado artificial das suas rendas falsas, e que o strass não póde substituir com muita vantagem os diamantes verdadeiros.

Oh! quantas privações, quantos sacrificios, quantas luctas conjugaes, que scenas intimas, para alcançarem aquella toillete mesquinha, desbotada, humilhante, que parece ter malicias diabolicas em cada