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das noites suaves de luar que se emmolduram no quadro poetico dos rios, cruzando as verdes campinas, nem dos edificios da actualidade, nem da grande civilisação de agora... Cabe sómente alliar o simples nome de uma mulher à redempção da aquatica cidade e de quem se guarda o nome de Clara, esposa do indio Poty, que se tornou conhecido por Antonio Felippe Camarão.

Diz a tradição, que tão amiga era delle que o não deixava nem mesmo na guerra, apezar de não combater a seu lado, por lhe ser isso prohibido pelos costumes da sua tribu.

Tinha todas as virtudes da mulher honesta e todos os vicios dos seus antepassados.

Vimol-a entre as emigradas, sujeitando-se áquella terrivel situação.

Habituada como estava a dormir ao relento, a manejar o arco, a ver sacrificar o inimigo, não obstante já estar civilisada, comtudo olhava rancorosa para o hollandez, que fêl-a passar tão ruins momentos, através de climas inhospitos.

Chegára então ao Recife, com poderoso contingente, o principe João Mauricio de Nassau[1].

Depois de ardua tarefa, os hollandezes incen-

  1. O principe fez prosperar muito Pernambuco, já levantando palveiro, já pontes sobre os rios, transformando o actual Campo de S. Antonio n’um magnifico pomar.