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O DRAMA DA GEADA 47

de sapé, e lá, em silencio, esperavamos, eu e a turma, o fim do diluvio, quando estalou um raio, em cima quasi das nossas cabeças.

— Fim de mundo, patrão ! — lembro-me — disse, numa careta de pavor, o defunto Zé Coivara... Parecia !... Mas foi apenas o fim dum velho coqueiro do qual resta hoje — sic transit... esse pobre tôco... Cessada a chuva, encontramol-o desfeito em ripas.

Mais adeante abria-se a terra em bossoróca vermelha, esbarrondada em colleios até morrer no corrego. O major apontou-a, dizendo :

— Scenario do primeiro crime commettido na fazenda. Rabo de saia, já se sabe. Nas cidades e na roça saia e pinga são o movel de todos os crimes. Esfaquearam-se aqui dois cearenses. Um acabou no lugar; outro cumpre pena na correcção. E a saia, muito contente da vida, mora com o tertius... A historia de sempre.

E assim, de evocação em evocação, ás suggestões que pelo caminho iam surgindo, chegamos á casa de moradia onde nos esperava o almoço. Almoçamos, e não sei si por boa disposição