Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/146

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— Prudência, colega Brito, prudência, dizia Amaro chupando o cigarro.

E o Brito, com passadas de carretão, rosnava.

— Hei-de comer-lhe os fígados.

O Libaninho atrás, só, cantarolava em falsete:

— Passarinho trigueiro,

Salta cá fora...

Adiante de todos ia o padre Natário: levava a capa no braço, arrastando pelo chão; a batinha desabotoada por trás deixava ver o forro imundo do colete; e as suas pernas escanifradas, com as meias pretas de lã cheias de passagens, faziam bordos que o atiravam contra o silvado.

E no entanto Brito, com grandes bafos de vinho, roncava:

— Eu só me contentava em agarrar num cajado e correr tudo! tudo! - e gesticulava com um gesto imenso que abrangia o mundo!

— Tem as asas quebradas,

Não pode agora...

Gania atrás o Libaninho.

Mas pararam de repente: Natário adiante gritava com voz furiosa:

— Seu burro, você não vê? Sua besta!

Era à volta do atalho. Tropeçara com um velho que conduzia uma ovelha; ia caindo; e ameaçava-o com o punho fechado numa raiva avinhada.

— Queira vossa senhoria perdoar, dizia humildemente o homem.