Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/152

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não pode o senhor passar! É o senhor pároco que está preso...

— Ó menina Amélia! ó menina Amélia!

Ela cantarolava-lhe, escarnecendo:

Fico sozinha à varanda,

Que o meu bem está na prisão!

Aquelas maneirinhas excitavam o padre - e com os braços erguidos, a voz cálida:

— Salte, salte!

Ela então fez voz de mimo:

— Ai, tenho medinho! tenho medinho...

— Salte, menina!

— Lá vai! gritou ela bruscamente.

Saltou, foi cair-lhe sobre o peito com um gritinho. Amaro resvalou, firmou-se - e sentindo entre os braços o corpo dela, apertou-a brutalmente e beijou-a com furor no pescoço

Amélia desprendeu-se, ficou diante dele, sufocada, com a face em brasa, compondo na cabeça e em roda do pescoço, com as mãos trêmulas, as pregas da manta de lã. Amaro disse-lhe:

— Ameliazinha!

Mas ela de repente apanhou os vestidos, correu ao comprido do valado. Amaro, com grandes passadas, seguiu-a atarantado. Quando chegou à cancela, Amélia falava ao caseiro, que aparecia com a chave.

Atravessaram o campo junto ao regueiro, depois a rua coberta com a parreira. Amélia adiante palrava com o caseiro; e atrás Amaro, de cabeça baixa, seguia muito murcho. Ao pé da