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Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/160

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— Então só hoje é que pensa nisso, Amaro?!

— É verdade, tenho estado a pensar hoje nisto. Tenho as minhas razões. - Ia a dizer: - Fiz uma tolice, - mas acanhou-se.

O cônego olhou para ele um momento:

— Homem! seja franco!

— Sou.

— Você acha aquilo caro?

— Não! disse o outro com uma negação impaciente.

— Bem, então é outra coisa...

— É. Você que quer? - E num tom magano, com que julgou agradar ao cônego: - A gente também gosta do que é bom...

— Bem, bem, disse o cônego rindo, percebo. Você, como eu sou amigo da casa, quer-me dizer por bons modos que tem nojo de tudo aquilo!

— Tolice! disse Amaro, erguendo-se, irritado de tanta obtusidade.

— Oh, homem! exclamou o cônego abrindo os braços. Você quer sair da casa? Por alguma é! Ora a mim parece-me que melhor...

— É verdade, é verdade, dizia Amaro que dava agora grandes passadas pela sala. Mas estou com esta ferrada! Veja você se me arranja uma casita barata com alguma mobília... Você entende melhor dessas coisas...

O cônego ficou calado, muito enterrado na poltrona, coçando devagar o queixo.

— Uma casita barata, rosnou por fim. Eu verei, eu verei... talvez.

— Você compreende, acudiu vivamente Amaro, chegando-se ao cônego. A casa da S. Joaneira...