Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/165

Wikisource, a biblioteca livre

Deu outras razões de prudência higiênica, e acrescentou passando-lhe com bondade os dedos pelo pescoço:

— E o que é perder a conveniência, não se aflija a senhora! Eu darei para a panela como dantes; e como a colheita foi boa porei mais meia moeda para os arrebiques da pequena. Ora venha de lá uma beijoca, Augustinha, sua brejeira! E ouça, como-lhe cá as sopas.

Amaro no entanto embaixo ia emalando a sua roupa. Mas a cada momento parava, dava um ai triste, ficava a olhar em redor o quarto, a cama fofa, a mesa com a sua toalha branca, a larga cadeira forrada de chita onde ele lia o Breviário, ouvindo, por cima, cantarolar Amélia.

— Nunca mais! pensava. Nunca mais!

Adeus as boas manhãs passadas ao pé dela, vendo-a costurar! Adeus as alegres sobremesas, que se prolongavam à luz do candeeiro! Adeus os chás, ao pé da braseira, quando o vento uivava fora e cantavam as frias goteiras! Tudo tinha acabado!

A S. Joaneira e o cônego apareceram então à porta do quarto. O cônego resplandecia; e a S. Joaneira disse, muito magoada:

— Já sei, já sei, seu ingrato!

— É verdade, minha senhora, fez Amaro encolhendo os ombros tristemente. Mas há razões... Eu sinto...

— Olhe, senhor pároco, disse a S. Joaneira, não se ofenda com o que lhe vou dizer, mas eu já lhe queria como filho... e levou o lenço aos olhos.

— Tolices, exclamou o cônego. Pois então